sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sutis semidivindades




        Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são, porquê não ponderam a semiose.
            Se seus entendimentos se dão de algum modo, este é ordenado, direto, compassado e objetivo.
            Virtude dos alados...

            Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são, porquê não são induzidos pela razão à ceder aos impulsos sensoriais, que comprometem a cognição da mensagem.
            Não se atêm, jamais, à ruga no rosto do velho sábio que gentilmente compartilha fagulhas de seu conhecimento lógico sem pedir nada em troca -  sabe que é um espírito vivido que preenche uma carcaça física deplorável; os pássaros não estudam estética!
           
            Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são, pois eles não irão refutar enesimamente as teorias numa busca ciumenta e narcisista de ostentação do saber supremo.
            Sua única intenção é serem autênticos, situados positivamente no tempo.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são, por nunca irão outorgar adjetivos de bem e mal à tragédia, certamente, pois sabem que a natureza “se passa” atemporal; tudo é destruído pela construção e construído pela destruição. Felizes são, por saberem, assim, tão simplesmente, que Apolo e Dionísio são o mesmo ser, e toda subsequência é mera falácia.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Sábios eles são, e imortais permanecem na limbo do tempo, pois são arquétipos imutáveis, que constroem seu ninho hoje como faziam à dezenas de milhares de anos atrás.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são, porquê têm consciência de que toda razão que seja criada é finita e permeia o tempo, e torna-se limitada. Assim, preferem a ataraxia do que o julgamento vitalício, inútil (justamente pelo fato de que a razão é limitada!), do sistema operacional.

            Prefiro falar dos pássaros...
            Cuja classe consta num dicionário que nunca leram.
            Cuja vida é direta e plenamente vivida.
            Cuja aparência é somente um cacoete de um espelho maquiavélico. Ou uma arma artificial, da qual nós desgraçadamente fazemos uso em primeiro plano, em primeira instância, todo o tempo.
            Cujas dores se exprimem sem dor de vontade, e suas graças semeiam diretamente o fértil solo do sistema operacional.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são, porquê têm em julgo o oposto na unidade, e a unidade na oposição. A loucura na sanidade, e a sanidade na loucura. A bondade na maldade, e a maldade na bondade. Yin no Yang, e Yang no Yin. Porquê todos esses são medidas do mesmo, e o especulação do composto não lhes interessa.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Porquê de passagem estão pela vida sensível, e não se queixam por não serem imortais.
            Não desgastam-se numa busca virtual de honra, conhecimento e dignidade. E nessa não-busca reside toda a honra, todo o conhecimento e toda a dignidade que lhes são necessários.
           
            Prefiro falar aos pássaros...
            Cujos humores resumem-se em um só. E conseguem ser ativamente passivos e passivamente ativos.
            Porquê solidariedade ou ausência dela são o mesmo ato.
            E do mesmo ato retomam a peça como se nada tivesse acontecido.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Cuja bater de asas à altura das nuvens iguala-se à afogar o pescoço na água em busca de refeição. Todas as dimensões são uma só.

            Prefiro falar aos pássaros...
            Bem-aventurados, e felizes são.
            Porquê não cederão ao caos de minha razão
            e me responderão perpetuamente com um gracejo elegante, uma demonstração de seus pathos, intimamente ligados aos fluídos harmônicos do sistema operacional.
            Um belo canto, melodioso e sereno. Trágico, ruim, maléfico. Benéfico, saudável, caprichoso. Caótico, cacofônico, ordinário. Fino, afinado, belo.
            Assim mesmo, tudo-ao-mesmo-tempo. É o mesmo! Sempre foi!
            Fagulhas de uma arte que transcende, que colhe diretamente no cosmos, sem tecnicismo, sem teimosia, sem ganância.
           
            Bem-aventurados são, porquê até hoje só tiveram conhecimento de um adjetivo:
            Natural.
           
           

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O caos sistemático da modernidade


                 Mas, pior ainda do que o que será relatado, é que quase ninguém se deu conta. O caminho percorrido pela vida em sociedade entrou em ciclo, aparentemente irrompível, cujo fim será mesmo o fim, sem romancismo. Por uma série de desventuras iniciadas por personalidades ou grupos de inspirações questionáveis, temos hoje um conjunto sistemático que rege às ocultas nosso modo de vida. Não, não estou falando do assunto "quente" do momento, que são os Illuminati e blá blá blá - acho ainda que esse relato é ainda pior do que é dito desse sociedade secreta.

        
 Influências ocultas


                  Para quem ainda nunca ouviu falar, assim como na net existem códigos maliciosos que infectam os computadores, existem no mundo códigos maliciosos que infectam o subconsciente humano, através da captação sensitiva. Não é brincadeira, basta fazerem uma busca rápida pelo Google que encontrarás muita coisa. Os antigos povos hindus já sabiam disso, há muitos séculos, o que só está sendo comprovado pela ciência pelos dias atuais. Vou explicar através de um exemplo:

                Já lhe aconteceu, provavelmente, de ouvir alguma música e rapidamente lembrar-se de algo, - inexplicavelmente. Aquela música se associa à alguma lembrança, por algum motivo.
                Alguns desses casos são simples: se se estava ouvindo uma música quando aconteceu algo memorável, aquela música fica gravada no subconsciente e se associa às imagens e percepções da lembrança, constituindo um “multimedia-box". Assim que a música é ouvida novamente, aquela caixa de lembranças é estimulada e revela o conteúdo da lembrança, pouco a pouco. Mas alguns casos são totalmente diferentes. Vou exemplificar como isso pode acontecer de outra forma através de um acontecimento pessoal.
                Bem, estava eu na net assistindo vídeos musicais pelo Youtube, procurando tentar entender que mal aconteceu ao senso musical do mundo, até que me deparei com uma música que, do começo ao fim, me recordava a fachada de uma casa desocupada, que via constantemente na capital paulista. Aquilo era inexplicável! Comecei a pensar sobre isso tentando encontrar motivos, e a primeira resposta provisória que encontrei foi a de que estava a ouvir essa mesma música enquanto olhava para essa casa, e por isso  acaba me lembrando da casa quando ouvia novamente a música.
                Procurei a origem dessa composição, e notei que ela era de 2004, e a última vez em que vi aquela casa foi em 2001. Não preciso dizer que isso me intrigou e me instigou a buscar respostas mais eficientes, certo?
                Me dediquei a buscar muito material sobre ciência acústica, espiritismo (música é conexão interdimensional!), psicologia, religiões, etc - isso há sete anos atrás, quando me iniciei nos estudos budistas e sufis. Encontrei verdadeiras raridades, como um estudo inacabado sobre a influência dos sons e imagens no subconsciente, advindo do povo hindu. Também encontrei alguns trabalhos científicos que estudavam a influência das frequências (cada nota tem uma frequência em hertz) sonoras no cérebro e suas reações automativas.
                Passei a pesquisar também por conta própria, e percebi que não só as notas em si, como as harmonias (conjunto melódico de notas) e ritmos também interferem no subconsciente, ativando e alterando determinados pontos de nossas faculdades mentais, de nossa memória. Através de métodos pessoais, consegui reunir algumas frequências de indução, bem simples, mas já grandes passos para meus estudos. Bem, é indubitável que as frequências nos induzem a certos atos e pensamentos - e a lembrança é só uma de milhares de tipos de indução!
                Deduzo, e acredito que já haja algum estudo nesses parâmetros, que há uma ligação bem estreita (correspondência) entre imagens e sons - uma boa alternativa é a Teoria das Cordas (Leia sobre isso) Também lembro-me da contribuição pitagórica, da essência dos números e sua relação com o cosmo.
                Sem me estender muito nessa explicação, vou usar dessa iniciação para prosseguir com o artigo.


 As correntes da mídia


                Quando digo mídia aqui, considere uma metáfora para o televisor, já que os outros meios são tão poucos usados que chegam a ser irrisórios. Mas acontece também com a internet, com o rádio, periódicos de leitura, etc, cada um como seus métodos particulares
                Bem, é notável que as programações televisivas abusam de recursos multimídia, como sons, cores, movimento... todos possuem frequência, e todos agem de alguma forma em nosso intelecto. Se forem produzidos maliciosamente há verdadeiro risco - fora a manipulação direta!
                Veja bem...os povos antigos eram muito mais ingênuos do que os atuais, sim, e não dispunham de um meio coletivo de informação como um televisor. As sensações indutivas vinham naturalmente, sem malícia alguma; um conjunto de imagem, movimento e som ambiente. O objetivo aqui é ressaltar a importância de uma soundtrack (aquela musiquinha de fundo nas novelas, filmes, séries, comerciais, jornais, etc) quando se une à imagem e movimento. O efeito é catastrófico!
                Vejamos porquê:

1 - As imagens nos fornecem uma informação sensitiva, a ser captada. Há uma intenção naquela imagem, talvez não proposital, mas sempre há. Quando apresentada sozinha, ela permite que nosso intelecto forneça a intenção dela enquanto ela mesma. Parece inofensiva dessa forma.

2 - Os movimentos, conjunto de cores, imagens 3D, truques ilusivos e contexto das imagens apresentadas nos retiram a liberdade de adequá-las à nosso bem-querer. Aqui, torna-se um conjunto pronto para ser infiltrado no intelecto com uma intenção preparada. Mas, felizmente, até aí, temos a chance de questionar, acreditar ou não no que se apresenta.

3 - As soundtracks...aqui entram elas!
                Como já dito, as músicas tem o poder de induzir através da frequência das notas, da harmonia e do ritmo. Se elas tiverem em si o poder de indução de crença, então, adeus livre-arbítrio e poder decisivo! Ao se juntar às imagens e movimentos, forma a arma mais poderosa da mídia! Arrebata impiedosamente a atenção e a crença!



Parece loucura, uma coisa psicodélica? Pois bem, pergunte a si e a quem quiser, que assista T.V.:

Quem é o melhor jogador de futebol no Brasil hoje? - Neymar
 Mentira - técnica do endeusamento

Quem é o melhor jogador de futebol no mundo hoje? - Messi
 Mentira - técnica do endeusamento, novamente

De quem é a autoria dos atentados de 11/09/2001? - Bin Laden (jaz morto?)
 Mentira - técnica da falsa causa (pesquise)

O que é o candomblé? - ritual de magia negra
 Mentira - técnica da eliminação de concorrência (nesse caso, religiosa)
               
O que é o islamismo? - uma seita terrorista sádica.
 Mentira - técnica da eliminação de concorrência (nesse caso, religiosa)

Como são os alienígenas? - verdes, de cabeça grande
 Questionável, no mínimo

               
                Daí alguém vem me perguntar: “mas se o estudo de frequências de multimídia é algo tão complexo e desconhecido, como é que pode-se pensar que hajam especialistas nisso, agindo maliciosamente, por trás das programações televisivas?”
                Bem, não duvido da existência de especialistas nisso atuando na T.V..
                Mas é claro que as induções maliciosas não são produzidas somente por especialistas. Aqui entra a contribuição espírita:

                “Quando se pensa para o bem, o bem é feito; quando se pensa o mal, o mal é feito

                Uma intenção não carece de ação para se concretizar e atingir o alvo. Todos os nossos pensamentos, desejos, medos, tem influência na energia do universo, e são influenciados por ele. Nosso poder de alterar as coisas é tão devastador que não pode ser cognoscível completamente. Fazemos as coisas sem saber, e as causas são quase que totalmente desarraigadas dos efeitos. Não entendemos o porquê de algo, como aconteceu; há um bloqueio produzido pela nossa razão que nos impede de entender as peripécias do sistema operacional do universo. Cristo já havia dito:

                 “(...)se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.”
Mateus (17:20)

                Logo, como a arte é uma conexão do mundo físico com o mundo espiritual, toda vez que nos usamos sinceramente dela, atingimos motivos inexplicáveis advindos da esfera cosmológica do universo espiritual. Se criamos uma música para alegrar e encher de esperança crianças doentes de câncer em um hospital, se for feito de modo sincero, seremos iluminados por energias espirituais (que frequentemente confundimos com inspirações, influências, “estado de  espírito”, etc) que trarão positivos resultados aos pacientes (o próprio ato de criar a composição para esse fim, pasme, já atuará na energia dos pacientes!).
                Essas energias trazem uma carga de intenção, que, como já dito, não tem explicação. No nosso mundo físico, são interpretadas pelos “drivers” físicos, como números, extensão, som, imagem, e se tornam um exemplo figurativo com uma intenção oculta. Cada uma delas entra no mundo físico e recebe um código universal de interpretação (uma metáfora: os códigos HTML para cores são sequências de caracteres, que são interpretados por qualquer navegador ou editor HTML do mundo, que, ao lê-lo, “descriptografa-o” e cria a cor correspondente – por sua vez, os códigos HTML tem fundamento numa sequência universal de caracteres regida pela base universal da informática, o sistema binário), que pode ser entendida por qualquer um.
                Talvez, para quem nunca tenha pensado nisso, seja complicado à primeira vista entender. 

                Imaginemos a seguinte metáfora: quando se escreve uma carta com uma intenção (por exemplo, uma carta de amor), tenta-se produzir, através do jogo dialético, as sequências corretas de palavras que representem o sentimento e a intenção. Se produzidas de modo sincero, as palavras alcançarão o efeito de serem entendidas e darem perfeita conclusão indutiva ao leitor, que interpretará o sentimento descrito e sentirá o mesmo efeito que outrora o escritor sentira.
                MAS, apesar de todo o romantismo da situação, deve-se saber que as palavras não denunciam fielmente os sentimentos, porquê são limitadas e incompletas (vide o artigo O Caminho do Cético, aqui mesmo no Philosufi).             
               Descrever o amor é tarefa impossível, não há modos de se definir sentimentos com palavras. Então, mesmo que seja muito eficaz na intenção primária, aquela carta de amor jamais vai poder representar fielmente o sentimento do escritor, pois o mesmo já mutilou seu sentimento ao tentar descrevê-lo.
                Talvez isso tenha inspirado a célebre frase “não existe amor, apenas provas de amor”... aliás, boa parte das pessoas não entendem a intenção do compositor, que, ao dizer “não existe amor”, quis dizer “definição de amor”, pois ele só se sente, não se explica. Temos exemplos de amor, mas não sua definição em essência!
               
                Assim acontece com nossas intenções e desejos: quando produzimos algo (com sinceridade!), imediatamente - e inconscientemente, recorremos à instância superior, à esfera espiritual, que nos irradia sua complexa (para nós) luz para que seja interpretada pelos fenômenos físicos. Aqui, então, explica-se como uma pessoa comum pode produzir trilhas soundtrack e sequências multimídia com intenções maliciosas, prontas para induzir os telespectadores.


                Nos próximos tópicos, continuarei com o artigo. Irei provar que o homem atual e globalizado busca a desumanização, e, através de algumas verdades, provarei sua progressiva perda de identidade.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Caminho do Cético

Pirro de Élis já afirmava, por volta de 300 a.C., que o conhecimento sobre qualquer coisa é impossível (acatalepsia), e que seria perfeitamente possível contradizer qualquer argumento (antinomia).
    Já Protágoras de Abdera, por volta de 400 a.C, foi o autor da célebre frase:


    "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."



    E isso significa que cada homem é responsável pelos seus próprios conceitos. Dessa forma, não existe uma verdade universal, já que todas e cada coisa são conhecidos de forma particular, excluindo absolutamente qualquer vestígio de visões dogmáticas. Essa visão nega totalmente a ideia de "ser".

    Unindo essas concepções com os estudos da linguagem, de Charles Sanders Peirce, mais especificamente a "semiose", chego a uma conclusão que aprofunda ainda mais o niilismo da situação. Ainda, porém, é necessário dizer que o precursor da semiose não foi o inventor da mesma. E mesmo ele não conseguiu deter a evolução da própria teoria! Como uma rolha numa garrafa de champanha fina, a semiologia estava pressionada por séculos de dogmatismos filosóficos, esperando o momento de sua "descoberta" para enfim defender a posição relativista. Nela, como num cartaz enorme, vinham grafadas as verdades:


1 - Quando um homem diz algo, a menos que esta seja a única coisa que ele tenha dito, se contradiz em muitas outras que já disse e que irá dizer.

2 - O homem não cria absolutamente nada. Apenas nomeia as coisas imaginadas, baseadas em ficção particular ou em ideias abstratas de coisas existentes, mas carentes, ainda, de definição dialética.

3 - O homem nada conhece. E mesmo que conhecesse, não seria capaz de comunicar - limitação linguística.

4 - Toda invenção humana é mera coisificação simbólica de algo que já existe naturalmente.


    Na verdade, o novo cético apreende do passado um temor de todo e qualquer argumento.

 "Temor de que as sublimes aventuras do discurso filosófico não sejam mais que exemplos particulares das infinitas combinações possíveis de um prodigioso jogo de palavras".
Pereira, Oswaldo Porchat - Rumo ao ceticismo. Editora UNESP, 2007; Pag.23


   Este vem ao encontro dessa "dança do estudo das linguagens".
    E Pirro previa esse temor, dizendo que já que nada pode ser conhecido, a única atitude adequada é ataraxia.

    Então, me parece, o melhor há ser feito é resguardar-se e evitar a falácia dos "neo-sofistas"



A suspensão do julgamento / juízo

   
    Diz-se que Pirro era tão cético que isso o teria levado a agir de maneira insensata. Segundo Diógenes Laércio, não se guardava de risco algum que estivesse em seu caminho, carroças, precipícios ou cães. Certa vez, quando Anaxarco caiu em um poço, Pirro manteve-se imperturbável, conforme a sua filosofia, não socorrendo o mestre. Enesidemo argumenta, porém, que Pirro "filosofava segundo o discurso da suspensão do juízo, mas que não agia de maneira inaudita". Parece confirmar essa observação o fato de Pirro ter vivido até os 90 anos.
    De fato as pessoas agem manipuladas mesmo por concepções pragmáticas, munidas de conceitos subconscientes absolutos.
    Pode parecer antissocial, mas, segundo a corrente cética, o melhor a ser feito é ignorar as ações alheias e os fatos decorrentes, as reações. Não significa deixar de analisar, apenas não se preocupar em descobrir motivos, nem desvelar as conceitos, julgar e condenar. Seria um "gasto de energia" desnecessário, e um igualamento à postura dogmática. Sócrates, à exemplo de Parmênides, segundo nos conta a história (Platão), rendeu-se a disciplina observativa-analítica-definitiva. Queria quantificar e qualificar o "ser", e definir de forma absolutista o real valor das coisas, no intuito de chegar às origens.
    Resultado: todo o trabalho dele, assim como os que seguiram essa doutrina, foi e é alvo de refutações, ridicularizações e postergações.
   "Nada vindo do homem é infinito", já diziam alguns sábios. Então, despender precioso tempo e energia em algo que certamente será alterado e refutado pela posteridade não lhe parece algo produzido em vão?

sábado, 26 de março de 2011

Discussão sobre "nada"




Não havia me deleitado ainda sobre essa questão...quando fui indagado, atentado a responder, reservei alguns minutos para pensar.


 Trata-se de uma necessidade linguística? É meramente uma palavra?
Talvez sim!
De fato, enquanto apenas uma palavra, é inofensiva.
Quando pensamos (extrapolando a metalinguística) o "nada", o criamos. Ele se torna objeto. Aí é que começam os problemas!


Segundo o dicionário Aurélio:


nada
[Da loc. do lat. tard. res nata, ‘nenhuma coisa nascida’, que, com elipse do não (res [non] nata) e perda do res, passou a significar ‘coisa alguma’, ‘nada’.]
Pronome indefinido.
1.Nenhuma coisa; coisa alguma:
Não estuda nada, nada sabe. [Sin. (bras., pop.) níquel, (p. us.) bus, e (gír.) lhufas e nicles.]
Advérbio.
2.De modo nenhum; absolutamente não:
É um pequeno esperto, nada tolo.
Substantivo masculino.
3.A não existência.
4.V. ninharia:
Brigaram por um nada, uma tolice.
5.Pessoa insignificante, seja pelo aspecto físico (quando o termo tem, muitas vezes, significado carinhoso, e é, tb., us. no dim.), seja pelo intelectual ou moral (quando o termo é, em geral, us. pejorativamente):
É pequenininho, um nada;
É um nadinha de gente;
Era um escritor de meia-tigela, um nada.
6.Filos. O que se opõe ao ser, em graus e em sentidos diversos; não-ser. [Abre-se o nada à reflexão quer mediante categorias do pensamento, sendo concebido como negação, privação ou limite, quer mediante experiências de ordem afetiva pelas quais se revela ao ser humano a finitude. Em Heidegger, p. ex., o nada se revela pela angústia (5) (q. v.), como componente do Dasein (q. v.).]



Todas as concepções que tive sobre o assunto descrevo, em ordem cronológica:




 1. A existência do tudo neutraliza o nada, por negação?


Essa foi uma de minhas primeiras percepções. Seria antagônico conservar os dois em um mesmo universo. Se há o tudo, não sobra espaço para o nada! Um anula o outro. Dizer que o nada existe, implicaria na destruição da majestade do tudo. Ele não pode ser parcial! Ou é ou não é!
Mas há uma falha nessa lógica: Se pensarmos alguns outros opostos, iremos encontrar harmonia nos dois.
Exemplo: Frio e calor. Nenhum anula o outro. Eles coexistem. Onde não há um, há outro. Ainda assim acho melhor pensar nos dois como um só. Uma unidade de equilíbrio (Tao), Yin e Yang, são partes do mesmo, um só ser. Há um pouco de um em outro, e vice-versa.

É uma medida:

Mais frio / menos calor
            Ou
Mais calor / menos frio



Bem, passemos para o próximo argumento.


 2. A aplicação semiológica é viável para o nada?


Dá para dizer que o nada significa algo? Em alguns contextos, me parece que sim. Mas não há uma aplicação universal para o termo. É complicado imaginar, através dessa ótica, já que seria um paradoxo: o nada é nada, e significa algo? Então já transcende o próprio termo, e se torna objeto. A partir daí, é aplicável o estudo dentro da semiose, mas saímos da questão, completamente. O nada se tornou algo, então se transfere para o universo do tudo...e se ele faz parte do tudo, então já não existe mais. Dilemático!



 3. O nada como experiência empírica

A experiência sensível é tida, para os defensores da tradição empírica (Francis Bacon, Locke, Hume) como única forma de conhecimento. É contra, por exemplo, o racionalismo cartesiano ("Eu existo porque penso"). Se pensarmos nessa corrente filosófica como veraz, talvez sejamos levemente acalentados dessa agonia de não poder definir o nada. Do seguinte modo: NUNCA vivemos ou sentimos o nada! Logo, não podemos definí-lo.



 4. Um nada por aproximação

Conclusão que me parece mais aprazível, sem subjugar os argumentos anteriores. O nada é interpretado de forma errônea pelo homem. É um "bem-aventurado" senso-comum (como tal, efusivo sobre as interpretações). Uma mera aproximação, bem inábil, para descrição de fatos, como:


 - Joaquim, o que você fez hoje?
 - Ah, eu não fiz NADA.


Hum...não fez nada? Bem por certo ele estava morto então! (mais uma questão: morto é um estado? O estado é ente? Ou será um ser?)

Deixando o sarcasmo de lado:
Ele não estava à fazer nada. Respirava, movia-se, pensava...isso para dizer o mínimo. Então, algo ele fazia.
Vamos ao segundo exemplo:


 - O que há nesta caixa?
 - Não há NADA.


Na verdade, há algo na caixa. Não nada. Gases, bactérias, poeira, vestígios do que já esteve na caixa, vestígios do material que compõe a caixa, etc.
Dizer "nada", nesse exemplo, significa dizer que algo útil, ou pelo menos visível, está ausente.



A discussão sobre o "nada" é bem "velha" na metafísica. Algumas conclusões à respeito da mesma foram conservadas, como as suposições de Heidegger. Bem, então parece que aí, ao definir, o termo ganha uma "roupa" e se torna algo, mais uma vez.
Por que não deixá-lo carente de sentenças, e libertá-lo, enfim? O "nada" não é um nada é, e sim um nada não é.

Bem, por fim encerro o texto. Talvez o único em que "entender nada" se torna um bom entendimento.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Teoria da Produção de Energia

Do mesmo modo que nosso Universo é complexo para fora, é para dentro. Como entender um campo infinito que nos delimita? Pensar em algo físico infinito é simplesmente incabível para a cômica mente humana. E esse é simplesmente o assunto mais complexo de todos os tempos! Não há centro, laterais, frestas, arestas, esquinas, dobras, sentidos... é algo tão incompreensível que chega a ser agoniante! (é um desafio maior ainda aos pobres ateus - ó santa tristeza...viemos dos macacos? [discussão para outro compêndio])
E como aceitar a teoria do Universo finito, sem deixarmos de tentar imaginar o que há ao externo dos limites do mesmo? Aterrorizante...intrigante!
Uma "câmara de tortura" talvez de mesmo porte é reduzir progressivamente as proporções, e chegar ao estudo atômico - este é o ponto!
Segundo a semiologia, limitar o tamanho físico obviamente deixaria o estudo mais suave e simples...o quão enganado está... O Universo não é infinito só para fora, à grandiosas proporções geométricas. É infinito nas menores coisas também!
Pois bem, nossa avançada ciência atribui à existência do átomo todas as coisas. Compostos moleculares são responsáveis por cada grão de matéria e suas modificações químicas, biológicas e físicas.
Então vamos debulhar o átomo! Teremos os elétrons, os nêutrons e os prótons, no convencionado sistema orbital. Ok! Mas vamos além!
Já sabemos também que corpos menores que esses três elementos já são conhecidos (como os quarks).
Agora, o próximo passo é profundo, é um abismo progressivamente absurdo! Qualquer indivíduo com o mínimo de intelecto sabe que NÃO há energia surgindo do nada. É necessário um produtor que abasteça um outro. E num sistema de "engrenagens" subatômicas, fica fácil imaginar um elemento repassando, transformando e gerando mais energia para o próximo elemento em uma cadeia.
Suponhamos que nossa nano-tecnologia fosse avançada em um milhão de anos de incansáveis estudos. Hipoteticamente, no começo teríamos descoberto um elemento que fornece energia para o funcionamento do átomo. Depois de alguns anos, descobriríamos que aquele elemento não produz energia alguma, apenas repassa a que é produzida por outro corpo dentro do segundo. E logo depois descobriríamos que esse terceiro também é um repassador. E assim sucessivamente pelos próximos um milhão de anos (sustentando a ideia - utópica - de que vivamos tanto). Teríamos descoberto tantos corpos menores repassadores de energia que faria o projeto genoma parecer um estudo sobre a aerodinâmica dos avioezinhos de papel. E finalmente cairíamos num dilema irrespondível: será que a produção de energia é realizada por um corpo, realmente, que seja inerte, indivisível e cientificamente inexplicável (imagine, produzir energia do nada!) ou será que teríamos uma "dízima periódica", com um corpo repassando energia ao outro infinitamente? - o que é ininteligível!
As respostas para essas questões estão dentro de nós, mas nunca as encontraremos, pois nossa visão está voltada para fora.
Simplesmente há coisas que nunca (nunca mesmo) saberemos.