Temos dois problemas muito distintos que envolvem a linguagem:
O primeiro
problema, e
relativamente mais simples, é analisar o conteúdo
filosófico aplicado, o uso dos termos e a didática das
teorias: se são realmente assimiladas como deveriam, e, se
não, se o problema é o método do docente, o
entendimento do discente, ou, ainda a própria teoria. Teríamos
nesse primeiro problema a escolta das teorias dos filósofos da
educação e de Saussure, bom
contribuinte à filosofia da linguagem, que propôs as
ideias que mais tarde deram origem ao estruturalismo, posição
que considera a língua como um sistema estruturado por
relações formais e não evidentes para a
consciência do falante, e que, metodologicamente, preconizam a
observação do maior número de fatos, de modo a
fundamentar proposições que, pela generalização
rigorosa, possibilitem a descoberta da estrutura.
O
segundo problema é muito mais profundo, e envolve
conceito, antropologia, semiótica e episteme. Trata-se da
linguagem como símbolo, uma captura da nossa sinestesia frente
ao fenômeno das coisas: são essas capturas parciais ou
completas; corretas ou erradas? São construções
naturais? Ou são “manipuladas” pela nossa bagagem
empírica, limitadas pelos nossos conceitos políticos, éticos e morais, pela nossa predisposição,
necessidade e/ou expectativa, e, ainda, será que esse
conhecimento pode realmente ser comunicado, já que sua gênese
já se mostrou tão burocrática, complicada? Ou
seriam ainda coisas mais profundas que fogem à nossa lógica?
Ou podem ser meras divagações complexas desnecessárias,
que servem para mitificar o ensino de filosofia e tornar a filosofia
um jogo de retórica imponentemente prolixa,
“heraclitianamente” obscura, como pede o âmago
místico do homem?
Eis
um exemplo de simplificação
em Popkin, usando a teoria de Locke, que evitava o ceticismo
admitindo que poderíamos não ter qualquer
real conhecimento além da intuição e da
demonstração, mas que ninguém [...] duvidasse
que o fogo é quente, que as rochas são sólidas,
etc.
(LOCKE apud POPKIN. A
Companion to Epistemology. Oxford:
Blackwell, 1997, p. 2)
A
ideia de se analisar os fundamentos linguísticos na filosofia
são justamente para se separar a disciplina dos mitos e enfim
resolver uma forma de se transmitir a filosofia de forma eficiente e,
porquê não, interessante e chamativa - do ponto de vista
didático; lembrando-se que, se estamos a tratar do ensino médio
(período onde as disciplinas tendem a despertar interesse
muitas vezes não pelos seus dados complexos, mas pela sua
capacidade de serem entendidas na vida prática dos aprendizes,
e de possuírem uma forma de transmissão atual, clara,
desafiadora ao intelecto) precisamos realmente dessa pedagogia.