domingo, 24 de março de 2013

Problemas da Linguagem no Ensino: Razões e Objetivos

 

 Temos dois problemas muito distintos que envolvem a linguagem: 

 

  O primeiro problema, e relativamente mais simples, é analisar o conteúdo filosófico aplicado, o uso dos termos e a didática das teorias: se são realmente assimiladas como deveriam, e, se não, se o problema é o método do docente, o entendimento do discente, ou, ainda a própria teoria. Teríamos nesse primeiro problema a escolta das teorias dos filósofos da educação e de Saussure, bom contribuinte à filosofia da linguagem, que propôs as ideias que mais tarde deram origem ao estruturalismo, posição que considera a língua como um sistema estruturado por relações formais e não evidentes para a consciência do falante, e que, metodologicamente, preconizam a observação do maior número de fatos, de modo a fundamentar proposições que, pela generalização rigorosa, possibilitem a descoberta da estrutura.
  O segundo problema é muito mais profundo, e envolve conceito, antropologia, semiótica e episteme. Trata-se da linguagem como símbolo, uma captura da nossa sinestesia frente ao fenômeno das coisas: são essas capturas parciais ou completas; corretas ou erradas? São construções naturais? Ou são “manipuladas” pela nossa bagagem empírica, limitadas pelos nossos conceitos políticos, éticos e morais, pela nossa predisposição, necessidade e/ou expectativa, e, ainda, será que esse conhecimento pode realmente ser comunicado, já que sua gênese já se mostrou tão burocrática, complicada? Ou seriam ainda coisas mais profundas que fogem à nossa lógica? Ou podem ser meras divagações complexas desnecessárias, que servem para mitificar o ensino de filosofia e tornar a filosofia um jogo de retórica imponentemente prolixa,heraclitianamenteobscura, como pede o âmago místico do homem?

  Eis um exemplo de simplificação em Popkin, usando a teoria de Locke, que evitava o ceticismo admitindo que poderíamos não ter qualquer real conhecimento além da intuição e da demonstração, mas que ninguém [...] duvidasse que o fogo é quente, que as rochas são sólidas, etc. (LOCKE apud POPKIN. A Companion to Epistemology. Oxford: Blackwell, 1997, p. 2)
A ideia de se analisar os fundamentos linguísticos na filosofia são justamente para se separar a disciplina dos mitos e enfim resolver uma forma de se transmitir a filosofia de forma eficiente e, porquê não, interessante e chamativa - do ponto de vista didático; lembrando-se que, se estamos a tratar do ensino médio (período onde as disciplinas tendem a despertar interesse muitas vezes não pelos seus dados complexos, mas pela sua capacidade de serem entendidas na vida prática dos aprendizes, e de possuírem uma forma de transmissão atual, clara, desafiadora ao intelecto) precisamos realmente dessa pedagogia.