É
razoável pensar que a filosofia aplicada no meio social é
um utilitarismo que compete aos domínios primordiais das
ciências sociais, empiristas por natureza, mas, se assim o for,
também podemos pensar que os fundamentos teóricos das
transformações são genuinamente
filosóficos, advindo da
razão, apoiados pela pesquisa e organizadas em sistemas que,
ora ou outra, direcionam-se à teleologia.
Filosoficamente,
a linguagem impõe limites ao conhecimento, e, cientificamente,
a linguagem é ferramenta de comunicação
primordial ao homem político. Mas hão
possibilidades de semiose na ciência, gerando, até mesmo
em confronto com a Teoria do Caos, uma sensação de
incapacidade intelectiva plena. Como mesmo os resultados
científicos, e até seus métodos, poderiam estar
encharcados de concepções semióticas errôneas:
na Teoria do Caos são analisados o funcionamento de sistemas
complexos e dinâmicos. Em sistemas dinâmicos complexos,
determinados resultados podem ser "instáveis" no que
diz respeito à evolução temporal como função
de seus parâmetros e variáveis. Isso significa que
certos resultados determinados são causados pela ação
e a interação de elementos de forma praticamente
aleatória.
Para entender o que isso significa, basta pegar um
exemplo na natureza, onde esses sistemas são comuns. A
formação de uma nuvem no céu, por exemplo, pode
ser desencadeada e se desenvolver com base em centenas de fatores que
podem ser o calor, o frio, a evaporação da água,
os ventos, o clima, condições do tempo, e isso para não
entrar em fatores invisíveis, não-tangíveis, os
desconhecidos, que podem ser aceitos na lógica geral, e os
desconhecidos que não podem ser aceitos na lógica
geral, além é claro, de supostos fatores metafísicos,
fora que a percepção de cada um desses fatores só
pode ser feito através dos sentidos, e aqui é chamada a
fenomenologia,
demonstrando-nos que uma pequena parcela de cada coisa pode ser
entendida, e talvez, ainda, de forma errada, diria Peirce. Uma coisa
simples torna-se extremamente complexa, já que as causas são
totalmente desarraigadas dos efeitos, e nossa concepção
lógica desses momentos somente se dão através
dos fenômenos dos mesmos, ou seja, uma parcela destacada de
eminência desses objetos, e não sua totalidade revelada.
E, mesmo assim, apreendidos sob as rédeas da razão, que
limitam as apreensões intelectivas às convenções
universais, pragmáticas. E, mesmo admitindo que se possa
conhecer essas coisas, por meio da intuição (Kant) ou
vontade (Schopenhauer), como será feita a comunicação?
A
lenda da Torre de Babel fornece o ar “místico”, que impõe,
no âmago da retórica, uma qualidade cética
latente, uma metáfora à incompreensão, a não
-comunicação - em Górgias temos a máxima
“O ser não existe. Mesmo que existisse, não
seria cognoscível. E mesmo que fosse cognoscível, não
seria passível de comunicar”.
Em
Agostinho vimos que as coisas podem ser ensinadas via sinais
naturais. Mas como haveria sinal de coisa tão complexa? Como
poderiam esses sinais serem mais eficientes que um dialeto?
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